quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Sampa

Nunca achei que fosse gostar de São Paulo. Mas gosto, e cada vez mais.

O que me impressiona dessa vez é como é uma cidade que pode proporcionar muito mais auto-conhecimento do que o Rio. Não me proponho a socio ou psicologismos, é apenas a minha impressão. É claro que cada pessoa pode estar mais ou menos disposta a isso, mas acho que São Paulo é uma cidade que levanta muito mais questões, é só sabermos usá-los, e respondê-las com sinceridade.

Uma parte das questões diz respeito, é claro, a escolhas e gostos. Com a enormidade de opções da cosmopolita, que comida? De que país? Hamburgueria brasileira ou americana? Japonês grã-fino ou na Liberdade? Vila Madelana ou Itaim? Qual dos shoppings? Ou ao ar-livre? Qual das modas? Que boate? Ou boteco? Ou showzinho? Ou showzão? Enfim... O campo para experimentação é muito maior.

Mas isso, pra mim, é o de menos. Criada no Rio, aprecio a beleza das coisas, e me acostumei com as óbvias: o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Lagoa, Ipanema, o pôr-do-sol em qualquer lugar. No Rio, é comum o prazer em olhar pra fora e apreciar. É fácil, tá em qualquer esquina.

Em São Paulo, não. E é interessante andar pela cidade, que muitos acham feia, e prestar atenção no que você acha bonito. O que te chama a atenção, o que te faz ter vontade de parar pra olhar melhor. Quem sabe algo que dê a emoção que faz com que tenha gente batendo palma no Arpoador. E numa viagem, como alguém de fora, isso é só seu, só meu. Ninguém disse que é bonito, mas balançou. E isso diz algo.

Só que a verdade é que tem muita coisa feia. E, de qualquer maneira, há essa grandiosidade peculiar do horizonte sem mar, do leito de luzes. Aqui na Vila, essa outra vila daqui, tão diferente da nossa lá, do 13o andar dá pra ver um mundão de prédios. Mas também telhadinhos, de telha mesmo. E os carros, e as pessoas nos mais diferentes tamanhos. De onde estou, 180 graus de um mundão com vários mundinhos. E pôr-do-sol, mesmo com poluição, é de queimar a vista e combina com o vermelho das telhas.

E nem é poesia. É uma foto que ficou, assim como o clipe da vista com Jill Scott tocando em azul rodopiante.

Sem saber qual comida ou qual roupa, mas querendo buscar.

E a conclusão? São Paulo é bom pra olhar pra dentro. E apreciar. A cada esquina.

Um comentário:

Unknown disse...

Sao Paulo eh a terra da garoa..
que tem gente boa..que gosta de trabalhar..
ja dizia Maria da Graça..