segunda-feira, 31 de março de 2008

quatro nove sete

- Ô, rapaz, liga aí pra esse número e chama a Marcinha.
- E falo que é o Roberto?
- Fala não, fala nada. Só chama a Marcinha.
- Mas e se perguntar quem é?
- Aí você fala que é o Estevão! A mãe dela me odeia, se souber que sou eu não vai querer passar e ainda te xinga.
- Ah, eu não vou falar com ela não...
- Larga mão de ser frouxo, Estevão! Tu nem conhece a velha!
- Ué, por isso mesmo! E se ela perguntar Estevão da onde?
- Aí tu fala que ela é uma mal-educada, que não se pergunta essas coisas. Ta achando que é empresa? Liga aí, pergunta se a Marcinha conseguiu o telefone do Rogério.

- Alô, posso falar com a Marcinha? Oi, Marcinha. Aqui é o Estevão, eu trabalho com o Roberto e ele pediu pra eu te ligar pra... Não, ele não ta podendo falar, não... Tá no volante aqui.... Entendi... Entendi... Falo, sim. Valeu, então. Tchau.

- E aí?
- Disse que ainda não conseguiu.
- Que merda...
- Mas quem é essa mesmo?
- Porra, cara, a gente namorava, mas aí eu arranjei minha mulher e ela descobriu. Aí arranjou outro pra me deixar puto. E eu fiquei puto pra caralho.
- E aí você ligou pra ela?
- Tu tá maluco? Ela que ligou pianinho, falando que queria voltar.
Que queria exclusividade. Aí eu falei: “exclusividade só pra minha filha”. Num vou nunca trocar minha filha por rabo de saia... Sorrisinho lindo, tá dando dente agora, tem que ver.
- E aí cê perdeu a Marcinha?
- Perdi nada. Falei pra ela esperar um ano. Que em um ano eu separo da minha mulher.
- Vai esperar terminar de nascer os dentes?
- Mermão, tô pagando prestação de geladeira, fogão e rack. 200 pau por mês no carnê. Vê se eu vou pagar tudo! E ainda bancar pensão! Vê se eu tenho cara de idiota!
- E aí cês não se pegam nunca.
- A gente se pega direto.
- Como assim? Ela não falou que queria exclusividade?
- É, ué. Mas não dá pra ter tudo na vida.

Um comentário:

flu disse...

nunca ouvi boas conversas no quatro nove sete
Coastumo escutar histórias interessantes é no cinco oito quatro, que por sinal, recentemente, desobri que é frequentado por um maluco tarado